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Sexta-feira, 24 de abril de 2020
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Nesta semana eu conto como alguns países já começam a planejar um retorno à vida normal após o pior da pandemia ter passado por lá (ou pelo menos acharem que passou).
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Fique em casa.
Até a semana que vem,
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Nesta confusão chamada pandemia, há quem esteja em quarentena há quase três meses.
O impacto econômico já cobra a conta, e chefes de governo pelo mundo se vêem pressionados (ou desesperados) para reabrir lojas, escolas e parques e, quem sabe, voltar a algum grau de normalidade.
O problema, caros leitores, é a ausência de uma receita de bolo.
A União Europeia (UE) fez um roteiro para seus países-membros com orientações gerais de como entrar nesta segunda fase da pandemia.
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A Casa Branca do presidente Donald Trump fez o mesmo —não sem antes confrontar e criticar governadores que prorrogaram, às vezes mais de uma vez, as medidas de confinamento em seus estados.
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O republicano joga um joga duplo e luta para sair por cima da crise do coronavírus. Explico: se a economia colapsar, é útil que ele possa colocar a culpa nos governadores por estenderem as restrições.
Se a economia se recuperar, ainda lhe sobra espaço para dizer que ele estava certo ao defender a reabertura.
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Os dois documentos partem basicamente das mesmas premissas. Vamos lá:
1. A curva tem que estar descendo e estável
Nem a UE nem Washington recomendam uma reabertura sem antes ter havido redução significativa e sustentada do número de novos casos.
Se a propagação do vírus ainda estiver subindo, o melhor é manter o lockdown, o confinamento, a quarentena —o que estiver valendo.
2. Testar, rastrear, monitorar
Praticamente um desdobramento do número 1: se o país/estado não tiver capacidade para testar em massa e conhecer profundamente os números, melhor não abrir.
O risco só vale a pena se as autoridades puderem monitorar a situação e, no pior dos casos, voltar atrás para evitar o pior.
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Esse é um ponto crítico para os estados americanos. A Geórgia, por exemplo, sob o governo do republicano Brian Kemp, está tomando a dianteira da reabertura nos EUA.
Ele tem planos de reabrir, até o fim da semana que vem, de lojas a cinemas e restaurantes —daqueles onde se come no local, e não só pega o pedido para comer em casa.
As autoridades de saúde, no entanto, alertam que a Geórgia não realizou testes suficientes para medir a evolução da pandemia e ter uma ideia clara do quadro —algo que se repete em outros estados americanos.
Até esta sexta, a Geórgia realizou 101.062 testes. A Alemanha, referência nesse quesito, fazia 116 mil testes por dia na primeira semana de abril.
O estado tem 21.883 casos confirmados e 881 mortes.
Áustria e França, que também começam suas reaberturas, desenvolveram aplicativos para rastrear e avisar os contatos de quem for infectado pelo coronavírus.
O uso é voluntário, o que não deixa de ser potencialmente problemático em termos de privacidade —uma questão que por enquanto tem ficado em segundo plano.
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3. Se der errado, tem que ter atendimento médico para todo mundo
Antes de começar a reabertura, as autoridades de saúde têm que imaginar o pior cenário: haverá leitos de UTI, respiradores, equipamentos de proteção, remédios, médicos e enfermeiros suficientes para atender uma nova onda de casos?
A União Europeia alerta ainda para um efeito colateral das medidas de confinamento: quem está com o vírus, tem sintomas leves e estava evitando os pronto-socorros pode mudar de ideia.
Os hospitais também podem ficar sobrecarregados com uma "demanda reprimida": quem teve outros problemas de saúde nesse período ou já recebia tratamento por outras doenças provavelmente voltará a procurar os médicos —e, portanto, têm que ser levados em consideração nessa conta.
4. Parcial, gradual, setorial
A recomendação é ir por partes. No caso de aulas: liberar alguns dias por semana primeiro, com turmas reduzidas. Idosos devem ser os últimos a receber a luz verde para sair de casa. Reabrir o comércio primeiro, com restrições de horário e número de clientes; bares, restaurantes e eventos, depois.
A Espanha começou por fábricas, a Itália pelas madeireiras, algumas lojas foram o primeiro passo de Eslováquia, Áustria e República Tcheca. Dinamarca, França e Noruega vão começar pelas creches e escolas. Algumas delas, como a Dinamarca e a Noruega, já começaram.
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5. Não se mexe em time que está ganhando
As medidas de prevenção não devem ser abandonadas: lavar as mãos com frequência, uso de máscaras, distanciamento social —tudo isso pode ser mantido.
Na Espanha, por exemplo, onde a indústria já voltou a funcionar, o governo está distribuindo máscaras no transporte público.
Mesmo com todas essas recomendações, a União Europeia alerta: reabertura, mesmo, só depois de encontrarmos uma vacina.
Até lá, Reino Unido, Áustria e Alemanha estudam adotam um "passaporte da imunidade": quem já tiver sido contaminado pela Covid-19 e se recuperado ganharia passe livre para seguir com a vida.
O problema é que nem todos os doentes que se recuperaram desenvolveram anticorpos contra a doença, nem todos os testes para anticorpos são confiáveis e ainda não se sabe se a presença de anticorpos garante a imunidade.
Para complicar: a Coreia do Sul identificou casos de "reincidência" da Covid-19. Pessoas que já tinham se curado, mas voltaram a ter resultado positivo nos testes. Não se sabe se eles foram reinfectados, se estão realmente curados mas o vírus segue ativo em seus organismos ou se houve erros nos testes anteriores.
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Ou seja: realmente, ainda não temos uma receita de bolo.
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Busquei com carinho um texto que não inspirasse pessimismo para a edição desta semana. Porém, estes quatro relatos são incontornáveis: profissionais de saúde da Índia, África do Sul, Itália e Equador contam como é estar na linha de frente da pandemia.
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Para (tentar) compensar, indico também a história por trás dos dançarinos do caixão que se tornaram o símbolo tragicômico desta quarentena.
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Israelenses insatisfeitos com Binyamin Netanyahu resolveram fazer um protesto em tempos de coronavírus.
O eterno premiê enfrenta três denúncias de corrupção e é acusado pela oposição de restringir os poderes do Legislativo e do Judiciário sob a justificativa de combater a pandemia.
Os manifestantes queriam pressionar o oposicionista Benny Gantz a não negociar a formação de um governo com Netanyahu. Não conseguiram: os dois fecharam um acordo na segunda (20).
As regras de confinamento de Israel não proíbem protestos, desde que os participantes usem máscaras e mantenham uma distância mínima. Pois bem:
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