Se não conseguir visualizar esta mensagem, acesse este link
Folha de S.Paulo
Sexta-feira, 24 de abril de 2020
lá fora
Nesta semana eu conto como alguns países já começam a planejar um retorno à vida normal após o pior da pandemia ter passado por lá (ou pelo menos acharem que passou).

Se você gosta desta newsletter, assine a Folha. Precisamos ainda mais do seu apoio nestes tempos de pandemia. 

Aqui na editoria de Mundo, a equipe toda tem trabalhado em dobro para te contar as melhores histórias lá de fora —as tristes, as alegres, as preocupantes e também aquelas que nos dão um pouco de esperança. 

Assine o jornal, tenha acesso a todos os textos que publicamos e fique com a gente enquanto tentamos processar, juntos, o que está acontecendo. É só clicar aqui.

Durante a semana, comento as principais notícias no Twitter: @dianaflott. Se você ficou com dúvidas ou quer sugerir temas, é só aparecer por lá ou me mandar um email no diana.lott@grupofolha.com.br.

Fique em casa. 

Até a semana que vem,
Diana Lott
Diana Lott
reabertura: modo de usar
Nesta confusão chamada pandemia, há quem esteja em quarentena há quase três meses. 

O impacto econômico já cobra a conta, e chefes de governo pelo mundo se vêem pressionados (ou desesperados) para reabrir lojas, escolas e parques e, quem sabe, voltar a algum grau de normalidade.

O problema, caros leitores, é a ausência de uma receita de bolo.

A União Europeia (UE) fez um roteiro para seus países-membros com orientações gerais de como entrar nesta segunda fase da pandemia.
https://f.i.uol.com.br/fotografia/2020/04/24/15877436585ea30baa3a070_1587743658_3x2_th.jpg
Conheça oito estratégias usadas na Europa para relaxar a quarentena
Dez países já programaram retomada
A Casa Branca do presidente Donald Trump fez o mesmo —não sem antes confrontar e criticar governadores que prorrogaram, às vezes mais de uma vez, as medidas de confinamento em seus estados. 
https://f.i.uol.com.br/fotografia/2020/04/24/15877446125ea30f6408f3c_1587744612_2x3_th.jpg
Em conflito com governadores e especialistas, Trump briga para reafirmar autoridade
Líderes de dez estados se uniram para discutir retomada sem ouvir presidente americano
Link relacionado
Contra Casa Branca, governadores criam aliança para debater retomada
Link relacionado
Estados governados por republicanos ensaiam retomada desejada por Trump
O republicano joga um joga duplo e luta para sair por cima da crise do coronavírus. Explico: se a economia colapsar, é útil que ele possa colocar a culpa nos governadores por estenderem as restrições. 

Se a economia se recuperar, ainda lhe sobra espaço para dizer que ele estava certo ao defender a reabertura.
https://f.i.uol.com.br/fotografia/2020/04/24/15877458025ea3140ad9325_1587745802_3x2_th.jpg
Em reviravolta, Trump deixa decisão de reabertura econômica com governadores
Após pressionar por retomada em maio, presidente muda de rota e afirma que questão cabe aos estados
Os dois documentos partem basicamente das mesmas premissas. Vamos lá:

1. A curva tem que estar descendo e estável

Nem a UE nem Washington recomendam uma reabertura sem antes ter havido redução significativa e sustentada do número de novos casos. 

Se a propagação do vírus ainda estiver subindo, o melhor é manter o lockdown, o confinamento, a quarentena —o que estiver valendo.

2. Testar, rastrear, monitorar

Praticamente um desdobramento do número 1: se o país/estado não tiver capacidade para testar em massa e conhecer profundamente os números, melhor não abrir. 

O risco só vale a pena se as autoridades puderem monitorar a situação e, no pior dos casos, voltar atrás para evitar o pior. 
https://f.i.uol.com.br/fotografia/2020/04/24/15877477895ea31bcdf0f7c_1587747789_3x2_th.jpg
Relaxar quarentena exige capacidade de testar todos os casos suspeitos, diz OMS
Entidade atualizou recomendações técnicas para combate à pandemia de coronavírus
Link relacionado
Em um mês, programa britânico de testes fracassa
Esse é um ponto crítico para os estados americanos. A Geórgia, por exemplo, sob o governo do republicano Brian Kemp, está tomando a dianteira da reabertura nos EUA.

Ele tem planos de reabrir, até o fim da semana que vem, de lojas a cinemas e restaurantes —daqueles onde se come no local, e não só pega o pedido para comer em casa.

As autoridades de saúde, no entanto, alertam que a Geórgia não realizou testes suficientes para medir a evolução da pandemia e ter uma ideia clara do quadro —algo que se repete em outros estados americanos.  

Até esta sexta, a Geórgia realizou 101.062 testes. A Alemanha, referência nesse quesito, fazia 116 mil testes por dia na primeira semana de abril. 

O estado tem 21.883 casos confirmados e 881 mortes. 

Áustria e França, que também começam suas reaberturas, desenvolveram aplicativos para rastrear e avisar os contatos de quem for infectado pelo coronavírus. 

O uso é voluntário, o que não deixa de ser potencialmente problemático em termos de privacidade —uma questão que por enquanto tem ficado em segundo plano. 
'Combate à Covid-19 criará sociedade rastreada como nunca', diz pesquisadora
Para especialista em proteção de dados, resposta à pandemia pode pôr em risco a privacidade
 3. Se der errado, tem que ter atendimento médico para todo mundo

Antes de começar a reabertura, as autoridades de saúde têm que imaginar o pior cenário: haverá leitos de UTI, respiradores, equipamentos de proteção, remédios, médicos e enfermeiros suficientes para atender uma nova onda de casos?

A União Europeia alerta ainda para um efeito colateral das medidas de confinamento: quem está com o vírus, tem sintomas leves e estava evitando os pronto-socorros pode mudar de ideia. 

Os hospitais também podem ficar sobrecarregados com uma "demanda reprimida": quem teve outros problemas de saúde nesse período ou já recebia tratamento por outras doenças provavelmente voltará a procurar os médicos —e, portanto, têm que ser levados em consideração nessa conta. 

4. Parcial, gradual, setorial

A recomendação é ir por partes. No caso de aulas: liberar alguns dias por semana primeiro, com turmas reduzidas. Idosos devem ser os últimos a receber a luz verde para sair de casa. Reabrir o comércio primeiro, com restrições de horário e número de clientes; bares, restaurantes e eventos, depois. 

A Espanha começou por fábricas, a Itália pelas madeireiras, algumas lojas foram o primeiro passo de Eslováquia, Áustria e República Tcheca. Dinamarca, França e Noruega vão começar pelas creches e escolas. Algumas delas, como a Dinamarca e a Noruega, já começaram.

https://f.i.uol.com.br/fotografia/2020/04/24/15877495395ea322a37f090_1587749539_3x2_th.jpg
Alemanha deve evitar retomada muito rápida, diz Merkel
'Não estamos na fase final desta pandemia, mas no começo', avalia chanceler
Link relacionado
Escolas vão reabrir em ao menos 8 países europeus, com distanciamento entre alunos
5. Não se mexe em time que está ganhando

As medidas de prevenção não devem ser abandonadas: lavar as mãos com frequência, uso de máscaras, distanciamento social —tudo isso pode ser mantido.

Na Espanha, por exemplo, onde a indústria já voltou a funcionar, o governo está distribuindo máscaras no transporte público.

Mesmo com todas essas recomendações, a União Europeia alerta: reabertura, mesmo, só depois de encontrarmos uma vacina. 

Até lá, Reino Unido, Áustria e Alemanha estudam adotam um "passaporte da imunidade": quem já tiver sido contaminado pela Covid-19 e se recuperado ganharia passe livre para seguir com a vida.

O problema é que nem todos os doentes que se recuperaram desenvolveram anticorpos contra a doença, nem todos os testes para anticorpos são confiáveis e ainda não se sabe se a presença de anticorpos garante a imunidade.

Para complicar: a Coreia do Sul identificou casos de "reincidência" da Covid-19. Pessoas que já tinham se curado, mas voltaram a ter resultado positivo nos testes. Não se sabe se eles foram reinfectados, se estão realmente curados mas o vírus segue ativo em seus organismos ou se houve erros nos testes anteriores.
Pacientes recuperados do coronavírus na Coreia do Sul voltam a ter testes positivos
Autoridades de saúde disseram que continua incerto o que está por trás da tendência
 
Passaporte de imunidade é inviável e eleva risco de repique, diz OMS
Testes com anticorpos são importantes para avaliar evolução, mas não trazem conclusões para indivíduos
Ou seja: realmente, ainda não temos uma receita de bolo.
para ler com calma
Busquei com carinho um texto que não inspirasse pessimismo para a edição desta semana. Porém, estes quatro relatos são incontornáveis: profissionais de saúde da Índia, África do Sul, Itália e Equador contam como é estar na linha de frente da pandemia.
Para (tentar) compensar, indico também a história por trás dos dançarinos do caixão que se tornaram o símbolo tragicômico desta quarentena.
https://f.i.uol.com.br/fotografia/2020/04/05/15860989765e89f3204da6a_1586098976_3x2_th.jpg
É importante festejar quem morreu, diz dono de funerária de 'meme do caixão'
Imagens de carregadores de caixão dançarinos de Gana viralizaram e têm até versão com Bolsonaro
imagem da semana
Israelenses insatisfeitos com Binyamin Netanyahu resolveram fazer um protesto em tempos de coronavírus. 

O eterno premiê enfrenta três denúncias de corrupção e é acusado pela oposição de restringir os poderes do Legislativo e do Judiciário sob a justificativa de combater a pandemia.

Os manifestantes queriam pressionar o oposicionista Benny Gantz a não negociar a formação de um governo com Netanyahu. Não conseguiram: os dois fecharam um acordo na segunda (20). 

As regras de confinamento de Israel não proíbem protestos, desde que os participantes usem máscaras e mantenham uma distância mínima. Pois bem:
https://f.i.uol.com.br/fotografia/2020/04/19/15873332815e9cc8a1504d3_1587333281_3x2_th.jpg
Manifestantes protestam contra Netanyahu em Israel sob restrições do coronavírus
Acusado em 3 casos de corrupção, premiê negocia acordo de compartilhamento de poder com rival Benny Gantz
Siga a Folha
Twitter Linkedin Instagram RSS
Assine a Folha
Contato
Política de Privacidade
Para assinar as newsletters da Folha, clique aqui.
Copyright Folha de S.Paulo | Todos os direitos reservados