Se não conseguir visualizar esta mensagem, acesse este link
Folha de S.Paulo
Quinta-feira, 31 de março de 2022
https://f.i.uol.com.br/fotografia/2021/04/14/161844417360777f8d0be00_1618444173_5x2_th.jpg
Xangai se recusa a jogar a toalha na batalha contra a Covid-19 com novo lockdown. Nesta edição, mostro como os moradores estão lidando com a nova rodada de restrições, enquanto a administração municipal corre para rastrear novos casos. Leia também: jornalista australiana na China vai a julgamento acusada de espionagem e a repercussão do acordo de segurança com as Ilhas Salomão.

Leia mais sobre China em folha.com/china.
Igor Patrick
Igor Patrick
Jornalista e mestre em estudos da China (política e relações internacionais) pela Academia Yenching da Universidade de Pequim
https://f.i.uol.com.br/fotografia/2022/03/31/16487514266245f342e9ae9_1648751426_3x2_th.jpg
Trabalhadores com roupa de proteção fazem segurança em Xangai, na China
Xangai dividida
Principal epicentro do novo surto de Covid na China, Xangai iniciou no domingo (20) um lockdown que dividirá a cidade em duas metades enquanto as testagens em massa continuam.

A divisão segue o curso do rio Huangpu, que corta a metrópole. Residentes de Pudong, à margem leste do rio, ficarão trancados até segunda-feira. Já quem mora em Puxi, à margem oeste, inicia o lockdown nesta sexta (1º).

A cidade luta para zerar novamente os casos de Covid, após um vazamento biológico em um hotel de quarentena espalhar a variante ômicron por vários distritos. 
  • Foram 20 mil infecções desde o início de março, o que representa mais do que todos os casos encontrados nos dois anos anteriores da pandemia;
     
  • O pico desta onda parece longe, e os números seguem aumentando: na quinta, foram 355 casos sintomáticos e outros 5.298 não sintomáticos.
Com o fechamento, a cidade tem enfrentado problemas de abastecimento. Temendo o prolongamento do lockdown, vários moradores esvaziaram as gôndolas nos supermercados. Faltam legumes e alimentos básicos na alimentação chinesa, como arroz e carne de porco.

O estresse causado pelo fechamento vem desencadeando outros problemas. Na terça (29), viralizou nas redes sociais um vídeo de uma briga de bar.

Os chineses locais ficaram revoltados com um grupo de estrangeiros que celebrava um happy hour na rua enquanto parte dos residentes estava impedida de sair de casa. A confusão acabou com agressões físicas e depredação no bar. 

Por que importa: Xangai é o coração financeiro da China, e um lockdown duradouro custará caro ao crescimento econômico previsto em 5,5% neste ano. 

Além do dano financeiro, a divisão da cidade é um golpe no moral chinês: na internet, pipocaram comparações da medida com a divisão promovida pelo Japão na invasão em 1937, no sangrento episódio da guerra sino-japonesa conhecido como Batalha de Xangai.
Mastercard
Publicidade
o que também importa
Começou na quinta (31) o julgamento da jornalista australiana Cheng Lei, acusada pelo governo chinês de repassar segredos de Estado a outros países.

Cheng era âncora da rede de televisão estatal CGTN até ser presa em agosto de 2020. Nascida na província de Hunan, ela emigrou para a Austrália aos 10 anos em 1985. 

Posteriormente, ela renunciou à cidadania chinesa e se naturalizou australiana, mas seguiu trabalhando como tradutora e, desde 2012, como jornalista para a mídia estatal da China.

Em 2020, ela foi colocada sob “vigilância domiciliar”, uma modalidade do sistema penal chinês que mantém detidos em custódia por um período de até seis meses mesmo sem acusação formal e com visitas de familiares ou advogados proibidas. Depois, Cheng foi acusada de espionagem.

A polícia isolou as áreas próximas à corte e proibiu o acesso de jornalistas. O embaixador australiano Graham Fletcher disse à imprensa que também foi impedido de entrar no tribunal e afirmou não ser capaz de confiar em “um processo que é conduzido em segredo”.

Países da Oceania reagiram ao acordo da China com as Ilhas Salomão que pode permitir o envio de tropas militares e forças de segurança chinesa ao arquipélago.
  • O premiê da Austrália, Scott Morrison, voltou a expressar desconforto com o texto. Disse haver "grande preocupação em toda a família do Pacífico”.
     
  • A primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Arden, chamou o acordo de "gravemente preocupante" e um passo perigoso em direção à militarização da região.
     
  • A reação mais contundente veio da Micronésia. O presidente do país, David Panuelo, disse temer que as ilhas “estejam no epicentro de um futuro confronto” entre EUA e China. 
Considerado pró-Pequim, o primeiro-ministro das Ilhas Salomão, Manasseh Sogavare, vem rejeitando as críticas. Em um discurso na terça (29), ele chamou de ultrajante quem classifica os assuntos soberanos do seu país como inadequados.
fique de olho
Terminou na quarta (30) a visita do chanceler russo Serguei Lavrov à China, a primeira desde que Moscou iniciou a invasão de longa escala contra a Ucrânia. Embora estivesse no país oficialmente para discutir assuntos relativos ao Afeganistão, Lavrov falou indiretamente sobre a guerra e expressou confiança no que chamou de amizade com a China. 

“Estamos vivendo uma fase muito séria na história das relações internacionais, mas estou certo de que, ao final dessa etapa, a situação internacional ficará muito mais clara e que nós [russos], juntamente com vocês [chineses] e nossos aliados, caminharemos para uma ordem mundial multipolar, justa e democrática”, declarou ao lado de Wang Yi, ministro das Relações Exteriores da China.

Por que importa: preocupada com o impacto da guerra na Ucrânia no preço do petróleo e nas cadeias de suprimento mundiais, a China segue tentando se cacifar como mediadora do conflito, embora comece a ser pressionada para adotar posição mais ativa contra a Rússia por países ocidentais.
https://f.i.uol.com.br/fotografia/2022/03/30/164864730862445c8c203be_1648647308_3x2_th.jpg
Tatiana Prazeres
China está de olho nas sanções à Rússia porque sabe que pode ser a próxima
Punições do Ocidente são lembrete do poder desproporcional de Washington sobre finanças e comércio internacional
para ir a fundo
📉 O canal Radar China retoma neste sábado (2), às 9h, a nova temporada do segmento “Radar Entrevista”. O programa tem duração de 30 minutos e recebe nomes proeminentes da sinologia no Brasil. O convidado da semana é Renato Peneluppi, que falará sobre a meta de crescimento chinês em 2022. (gratuito, em português)

🎥 A rede Observa China também se reúne neste sábado (2) às 10h para discutir o filme “Red: Crescer É uma Fera”. Dirigido pela ilustradora chinesa Domee Shi, o longa é uma metáfora sobre amadurecimento na adolescência, representatividade e feminismo. (gratuito, em português)

📝 O Centro Empresarial Brasil-China divulgou nesta semana o boletim de março do projeto CEBC Multimídia. Sob a curadoria de Pedro Cariello, a edição traz uma seleção de textos sobre o papel da China na guerra ucraniana, negócios chineses no Brasil e prospectos para a economia mundial. (gratuito, em português e inglês)
Siga a Folha
Twitter Linkedin Instagram RSS
Assine a Folha
Contato
Política de Privacidade
Para assinar as newsletters da Folha, clique aqui.
Empresa Folha da Manhã S.A - Grupo Folha
Al. Barão de Limeira, 425 - Campos Elíseos - São Paulo - SP
CEP 01202-001
Copyright Folha de S.Paulo | Todos os direitos reservados