|
Se não conseguir visualizar esta mensagem, acesse este link
|
|
|
Quinta-feira, 21 de março de 2024
|
Bem-vindo à Lá Fora, onde somos obrigados a repetir o assunto quando ele não deixa de piorar.
Sim, falamos do Haiti. Lá se vão 10 dias de país sem direção e com muita violência após a renúncia do premiê. O professor Rodrigo Charafeddine Bulamah (Uerj) nos ajuda a entender quais os caminhos para fora da crise.
Também vamos falar de Portugal, de Gaza, da mui democrática reeleição de Putin na Rússia e dos muy locos cem dias de governo Milei na Argentina. E do sumiço de uma princesa.
Envie críticas, sugestões e comentários para guilherme.botacini@grupofolha.com.br; o Renan Marra está em merecidas férias.
|
|
|
Guilherme Botacini
|
|
Repórter de Mundo
|
|
|
|
📷 Imagem da semana
Uma foto que conta uma história em algum lugar do mundo.
|
|
|
|
Onde: Pétionville, próximo de Porto Príncipe, Haiti
O que aconteceu: Ao menos 14 corpos foram encontrados em área rica dos arredores da capital, em mais um episódio da onda de violência que assola o país
|
|
|
|
|
Caminhos para o Haiti
|
Cadáveres nas ruas da capital, gangues controlando território, impasses políticos internos e externos. A crise no Haiti tem raízes profundas e várias camadas de complexidade.
Mas a situação atual não é apenas a expressão política violenta das gangues; é também o reflexo de uma demanda popular, não atendida, por um Estado funcional, de acordo com Rodrigo Charafeddine Bulamah, antropólogo e professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
-
"Mesmo antes do assassinato do presidente Jovenel Moïse [em 2021], já havia grande presença de pessoas na rua contra os devaneios autoritários de Moïse, algo que continuou com a ascensão do [premiê que renunciou] Ariel Henry", diz Bulamah.
O professor defende ainda que nem toda expressão de revolta que ocorre na história recente do Haiti deve receber a pecha de gangue. Há, por exemplo, brigadas populares, outros grupos organizados ligados a partidos que buscam preencher o vácuo de poder.
Mesmo a renúncia de Henry, exigida por uma aliança de gangues, tinha também relevante apoio popular, misturando um pouco as coisas. O que não abranda a brutalidade dos grupos armados criminosos que dominam 80% da capital, Porto Príncipe.
Esse descontentamento, aliás, não se resume à dinâmica política interna: as soluções prontas e fragmentadas vindas de fora também não são bem vistas no Haiti.
-
"Pesquisas feitas sobre a Minustah [missão da ONU protagonizada pelo Brasil] com atores sociais e moradores das periferias haitianas mostram que essa presença internacional é vista como tão violenta quanto as gangues", afirma Bulamah.
Há, segundo ele, uma espécie de "gangsterização" da presença internacional, que, também violenta, fragmenta o território durante missões vindas de fora, caso da Minustah, e delimita áreas de atuação entre ONGs internacionais —enfraquecendo, em vez de fortalecer, as já fracas instituições haitianas.
-
"As pessoas querem votar, querem um Estado normal. E não uma grande quimera de interesses, com gente de fora apitando", diz Bulamah, que questiona a necessidade de outra missão internacional no país.
A estrutura da transição proposta após a renúncia de Henry pode funcionar, segundo o professor. Mas isso precisa contemplar a pluralidade política do Haiti e sua sociedade civil, com um cronograma bem definido que gerencie a expectativa popular.
-
"O Haiti é um país latino-americano como qualquer outro, com seus problemas e suas tradições políticas de revolta, mas também democráticas", diz o professor.
|
|
|
|
Portugal nomeia novo premiê
|
|
Mas ainda não tem governo
|
|
Luís Montenegro, líder da coalizão de partidos de direita tradicional vencedora das eleições, enfim recebeu aval do presidente para formar novo governo. O convite formal abre o caminho a tomada de posse, prevista para a primeira semana de abril.
O governo, portanto, ainda não está formado, e seguem abertas as negociações para sua composição. Aí está o desafio.
Sem o Chega, sigla de ultradireita que se tornou a terceira força mais poderosa do Parlamento, a direita soma 88 assentos, 3 a menos que a esquerda, agora na oposição.
O premiê nomeado terá margem para começar o trabalho, com excedente orçamentário deixado pelos socialistas. No médio e longo prazo, no entanto, a aprovação de medidas importantes está longe de garantida.
A ultradireita, com 50 assentos no Legislativo, tem sido excluída das negociações para compor o govecrno pela direita tradicional vitoriosa, ao menos em público. A esquerda já disse que fará "oposição responsável".
|
|
|
|
|
|
Novo front, velho front
|
|
Rússia volta a atacar Kiev; Ucrânia ataca sul da Rússia
|
|
A ação não tem força para mudar a balança da guerra, mas mostra vulnerabilidades de Moscou: Kiev tem atacado a região de Belgorodo, na fronteira sul com a Ucrânia.
Bombardeios com drone e foguetes de artilharia, além de incursões terrestres localizadas fizeram o governo local retirar 9.000 crianças e fechar escolas.
Moscou voltou a fazer um grande ataque à capital ucraniana, em retaliação prometida. Ao menos 17 ficaram feridos.
Putin, reeleito sem surpresas na festa da democracia russa, falou após a vitória no pleito em uma zona-tampão na fronteira para evitar novos ataques, o que implicaria avançar mais sob território ucraniano. Por ali fica Kharkiv, segunda maior cidade do país.
O Kremlin rejeitou críticas de fraude na eleição e disse que os EUA estão em guerra com a Rússia. Sobrou até pro Elon Musk —que estaria construindo satélites espiões para Washington.
Para ir mais a fundo.
|
|
|
|
|
|
No hay plata
|
|
Pobreza aumenta na Argentina
|
|
Se você esperava que os cem primeiros dias de Javier Milei à frente da Argentina seriam conturbados, eles entregaram o que prometeram.
O ultraliberal repete como mantra que "não há dinheiro" e vai tocando sua propalada revolução liberalizante. Mas não sem obstáculos.
As primeiras medidas para balancear contas públicas convivem com a explosão dos preços e a volta da pobreza aos piores níveis dos últimos 20 anos. Sua popularidade, no entanto, ainda não vacilou.
Em busca do choque de gestão, Milei topou com o de realidade na conflituosa relação com o Legislativo, onde não tem maioria. O Senado rejeitou o megadecreto proposto pelo governo para desregular a economia.
E ainda há o avanço preocupante do narcotráfico em Rosário, cidade de Messi e a terceira maior do país.
Para ir mais a fundo.
🎥 A colunista da Folha Sylvia Colombo lançou um curta que retrata os primeiros efeitos do ultraliberal no poder. "Chores por Mim, Argentina", estreou nesta quarta (20) no Reag Belas Artes. A produção é do canal MyNews, no YouTube.
|
|
|
|
🌎 O que aconteceu
Uma seleção de notícias para entender o mundo.
|
|
|
|
Oriente Médio
América Latina
Ásia
Europa
- O premiê da Irlanda, Leo Varadkar, renunciou sob temor de derrota nas eleições do ano que vem. O Sinn Féin, partido hoje na oposição, está na frente nas pesquisas —nacionalista e pró-unificação, a sigla assumiu o poder na Irlanda do Norte no mês passado.
- E a família real britânica passa por literal crise de imagem depois que Kate Middleton, princesa de Gales, publicou foto manipulada e criou a fagulha para boatos e teorias conspiratórias que vão de preocupações com sua saúde após uma cirurgia até suposta crise no casamento com William por causa de uma possível amante do marido. Entenda o caso aqui —e veja os memes gerados aqui.
|
|
|
|
|
|
🔮 O que deve acontecer
Agenda e expectativas da próxima semana
|
|
|
|
-
O presidente da França, Emmanuel Macron, vem ao Brasil na próxima terça (26). Ele passa por Belém, sede da COP30 em 2025, Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. Estão previstos encontros com o presidente Lula e Rodrigo Pacheco, presidente do Senado.
-
Termina na segunda-feira (25) o prazo para postulação de candidaturas à eleição presidencial na Venezuela.
-
Após adiamento inédito, acusações da oposição e protestos, Senegal vai enfim realizar eleições no domingo (24).
|
|
|
|
📚 Lá Fora recomenda
Uma dica de conteúdo.
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Para assinar as newsletters da Folha, clique aqui.
|
Empresa Folha da Manhã S.A - Grupo Folha
Al. Barão de Limeira, 425 - Campos Elíseos - São Paulo - SP
CEP 01202-001
|
|
Copyright Folha de S.Paulo | Todos os direitos reservados
|
|
|
|
|