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Folha de S.Paulo
Quinta-feira, 21 de outubro de 2021
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Caro leitor, cara leitora,
Antes de tudo: a partir da semana que vem, a Tudo a Ler passa a circular às quartas-feiras, no mesmo horário de sempre.

Chico Buarque tem ampliado cada vez mais seu leque como escritor. Agora, faz barulho com sua estreia nas histórias curtas em "Anos de Chumbo e Outros Contos" (Companhia das Letras, R$ 59,90, 168 págs., R$ 29,90 ebook), que chega às lojas esta semana.

Na obra, o autor ri da fama ao imaginar a vingança de um artista contra seu hater, causada pela confusão com um passaporte; cultua Clarice Lispector ao escrever sobre um jovem poeta que passa a visitar a escritora, como o próprio Chico fez um dia; e fustiga o Exército com a história de um filho de militar que descobre os esqueletos no armário de sua família.

O crítico Alcir Pécora diz que "Anos de Chumbo" é uma estreia vigorosa na narrativa curta, que revela uma visão dura do Brasil. "Bandidagem, assassinato, racismo, ostentação cafona, novorriquismo miliciano et cetera. Tudo está normalizado como lei do costume. Ruiu a pólis, e com ela se foi o alegado refúgio de cordialidade familiar ou pessoal. Neste Brasil, em que até as boas lembranças são pervertidas por miséria e sordidez, o lar já virou butim." 

Outro lançamento relevante no terreno dos contos é "Meninas" (ed. 34, trad. Irineu Franco Perpetuo, R$ 49, 168 págs.), da russa Liudmila Ulítskaia. 

Cotada todo ano para o Nobel de Literatura, a autora tem seu primeiro livro publicado no Brasil, uma coletânea de histórias sobre como foi ser criança no stalinismo

"Eu tinha dez anos de idade e, para mim, a época stalinista se resume aos sussurros dos adultos e à relutância deles em conversar sobre coisas importantes na frente de nós, crianças”, diz Ulítskaia, em entrevista a Guilherme Magalhães.

Mas ela afirma que nunca teve “de modo algum o desejo de contar alguma coisa para quem quer que seja” com seus livros. “É antes o desejo de guardar para mim. Muitos anos tiveram de se passar até que eu percebesse que os meus textos tinham o direito de ser publicados."

Não importa se estamos vivendo uma página infeliz da nossa história —sempre haverá quem leia e escreva avidamente.

Boas leituras e até a próxima semana,
Walter Porto e Pedro Martins
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O cantor e compositor Chico Buarque, que lança seu primeiro livro de contos
acabou de chegar
A psicóloga belga Vinciane Despret volta sua atenção ao comportamento animal e analisa a relação dos bichos com seus tratadores, criadores e treinadores em “O que Diriam os Animais?” (Ubu, trad. Letícia Mei, R$ 69,90, 320 págs., R$ 49,90 ebook). A autora argumenta que nada é tão automático quanto parece —as vacas, por exemplo, não caminham sozinhas para a ordenhadeira por costume, mas por vontade de cooperar com o fazendeiro, segundo ela.

A paquistanesa Kamila Shamsie explora a relação complexa entre três irmãos muçulmanos, um dos quais se tornou jihadista, em “Lar em Chamas” (Grua, trad. Lilian Jenkino, R$ 59,90, 288 págs., R$ 42 ebook), que ganhou o Women’s Prize for Fiction no Reino Unido. A ideia é boa, avalia a crítica Camila von Holdefer, mas sua complexidade “acaba diluída nas páginas constrangedoras em que o que se tem é sobretudo um romance açucarado”.

E Mahmud Darwich, autor palestino de renome, une suas lembranças de acontecimentos políticos à ficção em "Memórias para o Esquecimento" (Tabla, trad. Safa Jubran, R$ 63, 216 págs.), que narra um único dia de 1982 sob os bombardeios israelenses em Beirute, no Líbano. Segundo a reportagem de Diogo Bercito, a obra mostra que continuar com a rotina do cotidiano pode ser um ato de resistência.
e mais
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A moçambicana Paulina Chiziane, mais nova vencedora do prêmio Camões
A moçambicana Paulina Chiziane se tornou a primeira mulher africana a vencer o prêmio Camões, a principal distinção da literatura em língua portuguesa. Romancista pioneira em seu país, ela foi publicada no Brasil pela Dublinense, com "O Alegre Canto da Perdiz", e pela Companhia das Letras, com "Niketche: Uma História de Poligamia", considerado um clássico em seu país.

Um dos curadores da próxima Bienal do Livro do Rio lança um livro motivado pelo acontecimento mais marcante da última edição. Felipe Cabral se inspirou na tentativa de censura de Marcelo Crivella a um gibi que trazia um beijo gay na capa para criar seu romance de estreia, “O Primeiro Beijo de Romeu”. O Painel das Letras conta ainda que a Todavia vai publicar dois livros de Richard Powers, vencedor do Pulitzer que costuma pautar a ciência em suas obras de ficção, e que a Companhias das Letras prepara um pacote de lançamentos de Christopher Isherwood, um dos grandes autores a escrever sobre a homoafetividade no século 20.
em roda
O próximo encontro do Clube de Leitura Folha acontece na próxima terça-feira, dia 26 de outubro, às 19h de Brasília, e discute "Meridiano de Sangue", de Cormac McCarthy (Alfaguara). Os encontros acontecem toda última terça do mês, via Zoom, e são abertos e gratuitos. Acesse por este link ou na reunião de número 889 2377 1003.
além dos livros
Considerada a Elena Ferrante da Espanha, Carmen Mola, que escreveu uma trilogia protagonizada por uma policial que gosta de karaokê e sexo casual, é na verdade um trio de homens de meia-idade. A revelação surgiu quando Mola foi chamada para receber o prêmio Planeta, mas quem subiu ao palco para receber o troféu foram Jorge Díaz, Augustín Martínez e Antonio Mercero, três roteiristas de televisão.

Lázaro Ramos vai dirigir a adaptação de um conto da carioca Babi Dewet imerso em bandas de k-pop. A história faz parte da coletânea "Um Ano Inesquecível" e chega em 2022 ao catálogo do Amazon Prime Video, que também deve adaptar os outros três contos do livro, escritos por Thalita Rebouças, Paula Pimenta e Bruna Vieira.  

A Feira do Livro de Frankfurt, onde editoras do mundo todo compram e vendem os direitos de suas obras, começou nesta terça-feira. O evento ocorre de maneira presencial, mas com a participação de boa parte dos editores e agentes por videoconferência, como é o caso da maioria dos brasileiros. A cerimônia de abertura teve discurso de escritores como Margaret Atwood e foi marcada por discussões sobre os desafios do mercado literário durante a pandemia e a luta que diversos países travam pela liberdade de expressão.

Ana Maria Machado debate o processo de escrita de Clarice Lispector em "A Hora da Estrela", um de seus romances mais prestigiados, numa transmissão ao vivo pelo YouTube e pelo Facebook do Instituto Moreira Salles, na próxima terça-feira, 26, às 18h.
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